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ESCRITOR

April 19th, 2012

Daniel Jones é escritor. Ganhou o primeiro concurso literário quando ainda tinha 14 anos. Usou o dinheiro do prêmio para comprar uma bicicleta.

Daniel Jones é escritor. Quando tinha 18 anos assinou com uma editora. Recebeu adiantado. Comprou um carro e pagava cerveja para os amigos.

Daniel Jones é escritor. Se formou em letras aos 24. Durante a faculdade, não escreveu nada de importante mas mantinha um blog de contos.

Daniel Jones é escritor. Aos 27 anos, ainda morava com o pai e foi expulso de casa após uma discussão sobre quem tomou a última cerveja.

Daniel Jones é escritor. Com 30 anos, ele vendeu bicicleta, carro e, embaixo de um viaduto, atualiza seu blog na única coisa que ainda possui: seu velho laptop.

Daniel Jones é mendigo. Ele passa os dias nos sinais de trânsito pedindo para os motoristas clicarem nos anúncios do seu blog. Ele ganha 25 centavos por clique mas o Google só vai pagar depois que ele juntar 100 dólares.

 

SOMBRA

April 11th, 2012

Ele olhava para trás de tempos em tempos, tentando divisar na multidão por quem estava sendo seguido. Do outro lado da rua, eu estava seguro que não ia ser visto.

Eu olhei para trás exagerando o movimento. Sabia que isso deixaria meu perseguidor tranquilo, achando que não estava sendo visto. Aproveitava os reflexos das vitrines de lojas ocasionais para observá-lo do outro lado da rua. Esse jogo terminava hoje.

Ele seguia por um caminho novo, diferente do habitual. Não estava indo para o escritório e, muito menos, para a casa de alguma das “habituais”. Meu único receio era que pegasse um táxi. Isso iria dificultar as coisas para mim.

No meio de um caso eu percebi que estava sendo seguido. Tentei continuar meu trabalho, investigando o sujeito e lidar com isso depois, mas descobri que meu perseguidor estava fazendo perguntas ao meu respeito. Decidi que seria melhor conseguir algumas respostas eu mesmo.

Quando recebi a ligação achei que seria mais um marido pulando a cerca. A voz era feminina e tinha aquela rouquidão chorosa. Achei irônico quando descobri que o sujeito também era um detetive particular.

Quando parei a investigação, já tinha descoberto quase tudo sobre o alvo: nome Marcos Arantes do Nascimento, 38 anos, pé-rapado, expulso da polícia, largou a faculdade de direito, virou detetive particular. Irônico.

E perigoso, andava armado, suspeito de desaparecer com alguns clientes caloteiros. Nada contra. Também odeio clientes caloteiros.

Descobri que ele tinha mentido para algumas clientes sobre a fidelidade dos maridos para estimular a infidelidade delas. Talvez tenha sido algum desses maridos ou esposas que tenha me contratado para investigar o sujeito. Talvez tenha sido algum deles que tenha contratado esse cara para me seguir. Não importa, depois de hoje ele não seguia mais ninguém.

Um desses clientes inclusive era um velho conhecido meu. A esposa tinha pedido para eu descobrir se ele andava visitando outros galinheiros. Menti e acabei cantando de galo. Mundo pequeno. Por via das dúvidas, também passei a andar armado. Marcos Arantes do Nascimento não nasceu ontem.

 

BESTSELLER

April 25th, 2012

A mensagem da sua agência explicava tudo. Lembrava que as vendas dos seus livros tinham caído no último século, chamava a atenção para o fato dele não ter escrito nada inédito nos últimos 43 anos, mostrava os números das pesquisas iniciais abaixo dos 10 mil votos, explicava que, por todos esses motivos, ele provavelmente iria morrer e, no final, desejava um feliz aniversário.

Hoje, João Cláudio de Carvalho, mais conhecido pelo seu pseudônimo João C. Carvalho, completava 189 anos e 3 Eleições. Ao contrário de alguns de seus contemporâneos, ele não estava cansado de viver, não ressentia o fato de toda sua família já ter morrido e, se dependesse dele, estaria vivo para a próxima Eleição, em 50 anos. Infelizmente, não dependia.

Apesar da notícia, o que mais incomodava é que ela não foi dada pelo seu agente. João Cláudio tinha ouvido tudo isso de uma IA. Tinha que admitir que era de última geração, mal era possível perceber que não estava conversando com um ser humano, mas continuava sendo uma ofensa ser atendido por uma simulação. Algo que a agência normalmente reservava para escritores que estavam começando não para um de seus clientes mais antigos.

Ele duvidava que seu agente tivesse ativado o programa para não ser ele a dar as más notícias. Apesar da empresa e funcionários negarem, João Cláudio tinha certeza que um dos pré-requisitos para se trabalhar na agência Pereira-Morgan-Akutagawa era ter o seu centro de emoções lobotomizado. Não. O motivo real é que ele não era mais relevante. Ele era um móvel velho que ninguém mais queria. Um refugo de 2 séculos atrás. Pior, ele era a prova viva de que o bicho-papão dos escritores existia. Hoje o seu bloqueio de escritor completava 46 anos.

Não era de se espantar então que tinha conseguido apenas 3.973 votos. A maioria de seus fãs já tinha passado dos 60 e perdido o direito de escolher quem iria representar a época atual para as gerações futuras. Hoje, a antiga máxima é mais certa do que nunca: o futuro pertence aos jovens. E, apesar de aparentar 39 anos, João Cláudio tinha deixado de ser jovem há mais de um século.

Sentado no banco da praça que ficava em frente ao hotel onde morava ele contemplava suas opções. Podia criar um feedreal, mas a ideia de todos os seus passos sendo acompanhados em tempo real não era algo que gostaria. Ele era muito velho e ainda acreditava no conceito morto de privacidade.

Se ele fosse bonito poderia fazer como os atores, atrizes e modelos que vendiam seus corpos por votos. Mas apesar de ter vivido quase dois séculos, o seu tipo físico nunca se tornou o ideal de beleza em nenhuma época. Talvez dali a alguns milhares de anos, se ele tivesse milhares de anos para viver.

Restava apenas escrever. Mas antes mesmo do último livro, que foi uma biografia, as ideias tinham acabado. Ele chamou o print da Eleição, abriu seu perfil e olhou para o número estável 3.973. Ele jogou o perfil para o canto da visão e chamou o editor de texto. A página em branco ocupava o centro da sua visão. Ele jogou o perfil sobre o editor e olhou de novo o número 3.974. Mais um voto. Agora, faltam só 6.026. Ele chamou a página em branco e começou a escrever.

 

FOCO

March 28th, 2012

Ganhou a câmera de aniversário. Era um modelo semiprofissional, sua esposa explicou. É usada, mas o “moço” disse que está bem conservada. Mas cadê as outras lentes? Que outras? As outras? Não tem outras. E olhou para a câmera com a teleobjetiva de 200mm em sua mão.

A partir daquele dia, virou o fotógrafo oficial da família. Cadê o Carlos, com aquela câmera legal dele? Perguntavam. E o Carlos estava do lado de fora da casa, do outro lado da rua, para conseguir foco.

Se tornou, ao mesmo tempo, a sensação e o alienado de todas as festas. As fotos parecem de revista. Comentavam. Pareciam de revista mesmo, National Geographic. Sentado no banco da praça, tirava fotos da prima no altar da igreja. Na janela do hotel, tirava fotos da esposa e filhos deitados na praia. Era a presença e a ausência, sempre sentidas. Às vezes, acenava.

Tentou aprender a ler lábios para passar o tempo. Um dia, a solidão bateu mais forte e foi para casa. Ninguém notou. Depois disso, parou de ir em festas e eventos da família. No dia seguinte, cobravam as fotos. Ele desconversava. Tá no pendrive. Quando passar pro computador, eu mando. Mas nunca mandava.

 

PÚBLICO-ALVO

February 7th, 2012

Foi utilizada a tecnologia mais avançada do mundo. Não se economizou dinheiro no experimento. A criação do animal de estimação perfeito: um gato falante.

Os gatos já são os preferidos pelas pessoas solitárias, a lógica diz que um gato falante seria ainda mais eficiente. Mas, por algum motivo, o gato não falava.

Todos os fios estavam no lugar, o tratamento foi um sucesso aparente. Apesar disso, os cientistas tentavam conversar em vão com o gato que olhava com desdém e voltava a dormir. Eles testavam todos os testes e experimentavam todos os experimentos, mas nada do gato falar.

Até que um dia, a filha de um dos cientistas visitava o laboratório e o gato finalmente falou. Conversou com ela por horas. Mas quando os cientistas tentavam falar com o gato, este nada.

A idéia foi da garotinha: “Se vocês quiserem, eu posso perguntar pra ele porque ele não fala com vocês.” A resposta do gato foi a pior possível.

O gato explicou porque ele não falava com os cientistas: “Porque vocês não tem nada de interessante para dizer.” O experimento, enfim, se provou um fracasso. Um animal de estimação falante que só fala com quem ele quer não é um produto muito bom. Deram o gato para a garotinha e alteraram o projeto.

Tudo indicava que dessa vez, acertariam. Para a surpresa de todos, outro fracasso. Ao contrário do gato, o cachorro nunca parava de falar e, o que é pior, só conversava sobre o BBB.

 

DESEMBARQUE

December 29th, 2011

O alojamento do navio cheirava a suor, vômito e água do mar. A conversa de camaradagem que tinha dominado a viagem foi substituída por um silêncio apreensivo. Era a manhã do Dia D, 6 de junho de 1944, Richard olhava para as suas botas e esperava a sua vez.

Depois de 2 meses de treinamento, ele não era mais Richard Hunter, filho de fazendeiros do Império Bretão. Ele era o Soldado Hunter, da 7ª Companhia de Rangers da sua Majestade George II. Mas um título não diminuía o gosto amargo da adrenalina que tinha na sua boca e muito menos a fraqueza nas pernas.

Os grupos que dividiam o alojamento com ele subiam para o convés, cinco em cada leva. Eles eram a vanguarda da força de desembarque, os primeiros a tocar o solo do Império Franco dominado pelos prussianos. O seu trabalho era atacar as praias pela retaguarda para que o desembarque pudesse acontecer.

O seu grupo era formado pelo Sargento Melchior da 14ª Companhia de Invocadores (que dormia no beliche em cima e, às vezes, acordava assustado durante a noite), pelo Tenente Bravestar, Cavaleiro do 10º Batalhão de Armaduras (que dormia no beliche em frente, era herdeiro de uma grande fortuna e um elitista confesso), pelo Irmão Luke, da 5ª Paróquia de Clérigos (filho único de um casal de alquimistas de Londres) e, completando o grupo, o Soldado Smith do 5º Grupo de Ladinos (que trocou uma sentença de 10 anos na prisão por roubo pela sua farda).

Nas 8 semanas de treinamento eles realizaram a mesma manobra dezenas de vezes: Hunter comandava o seu falcão por cima da área desejada, vendo pelos olhos da ave, ele escolhia o melhor lugar para a chegada, Melchior invocava primeiro um encanto de amarração com Hunter e depois um encanto de teleporte cego, se guiando apenas pelas sensações que Hunter iria passar. Mas apesar do treino anterior, agora seria diferente. Eles estavam nervosos, o terreno era desconhecido e os artefatos mágicos prussianos distorciam o campo mágico em todas as partes.

Os artefatos mágicos dos prussianos eram basicamente o motivo da guerra. De alguma forma, eles estavam fabricando armas mágicas a uma velocidade sem igual. Enquanto uma Companhia de Encantadores levava uma semana para um encantamento simples, os prussianos faziam o mesmo em apenas um dia. Essa vantagem permitiu que eles conquistassem metade da Europa e agora partiam para o ataque contra a Bretanha.

Por isso, todos que se alistavam sabiam que as chances não estavam ao seu favor. O equipamento de Hunter tinha apenas encantamentos mais pobres. Ora, o seu arco nem mesmo era encantado, apenas suas flechas: 15 flechas de velocidade, 5 de perfuração, 3 explosivas, 3 de fumaça e 3 de clarão. Além disso, seu cinto tinha 2 encantamentos de cura automática e era isso. Quer dizer, quase isso, ele também tinha a “flecha da sorte” que comprou no mercado de Londres antes de partir. Richard tinha ouvido o boato que todos os rangers dos prussianos tinham arcos encantados que disparavam sem precisar de flechas. Ele não sabia se era verdade, mas sabia que iria descobrir em breve, se tivesse sorte.

Além do problema inicial de estar sozinho atrás das linhas inimigas, existe também o risco operacional de ser teleportado para dentro de uma pedra, árvore ou uma vaca que estiver pastando. Aconteceu com alguns grupos no treinamento. Pelo menos foi o que Smith contou. Era a primeira vez na história que essa estratégia seria utilizada. Ao menos, podiam contar com a surpresa do seu lado.

Eles foram a 5ª leva a ser chamada. Subiram ao convés pela primeira vez em três dias. Era a madrugada do dia 6 e eles conseguiam ver a costa a distância, iluminada por clarões, relâmpagos e bolas de fogo. Vinte e cinco jovens ingleses, preparados para morrer pelo seu reino. Os rangers soltaram seus falcões, os invocadores tocaram suas frontes e os encantos de teleporte foram pronunciados. Por poucos segundos, o coração de Richard parou, o chão se tornou o céu, o mundo virou do avesso e o ar deixou de cheirar a sal e passou a cheirar como terra molhada, esterco fresco e grama. Desembarque.

 

SANTO ANTÔNIO DO PEN DRIVE

January 2nd, 2012

Parte do 12º distrito da megalópole de São Rio, a história de Santo Antônio do Pen Drive é muito rica. Conta-se que um homem de origem baiana, chamado Cleydson Neymar da Silva, popularmente conhecido como “Bocão”, ao passar pelo edifício e ver que eram de grande beleza e com capacidades comerciais negociou com o então dono do 10º andar um aluguel. E o mais curioso dessa história foi que o objeto de pagamento era o chamado dinheiro, muito usado na época. Ali no andar adquirido por “Bocão” instalou um escritório de design com numerosos funcionários.

Ao passar dos anos um funcionário não apareceu no trabalho, no dia de entrega de um importante projeto. Assim, o filho de “Bocão” Chun Ni da Silva fez uma promessa a Santo Antônio, que voltava a ser popular graças às redes sociais, que se ele trouxesse de volta o funcionário, ele mudaria o nome da empresa em sua honra. Assim então, aconteceu e o funcionário apareceu contando que Santo Antônio o havia guiado. O nome da empresa foi alterado, conforme a promessa feita, e em torno dela foi crescendo o conjunto habitacional que se tornaria a arcologia.

Seu nome, Santo Antônio, deve-se ao milagre, e Pen Drive ao fato de que, na época, todos os trabalhos da empresa eram salvos em pequenos aparelhos armazenadores com este nome.