Quando o amor surge no trabalho

Se no trabalho é onde passamos de seis a 12 horas por dia, dividimos experiências e compartilhamos as mesmas atividades, não é raro que esse seja o palco para presenciar casos de colegas que acabam se relacionando. Namoro no ambiente profissional, porém, requer ainda mais cuidado do que um relacionamento usual, já que qualquer descuido pode ser motivo de desconforto na empresa ou até causa de demissão.

Manter a discrição é a orientação para os casais que trabalham juntos, conforme a opinião da psicóloga e coordenadora de recrutamento e seleção da Concisa Recursos Humanos, Vanessa Marmentini Prandes. 

— Mesmo a empresa permitindo o relacionamento, o casal deve manter postura frente aos colegas de trabalho, sem esquecer qual seu objetivo, pois a empresa pode dar mais atenção ao relacionamento caso haja uma baixa de rendimento — ressalta Vanessa. 

Os namorados, explica a psicóloga, devem lembrar que dentro da empresa, antes de tudo, são colegas de trabalho, e que por isso, apelidos carinhosos, beijos, recadinhos ou brigas devem ser reservados para outros ambientes. 

— Utilizando a maturidade e o bom senso, certamente o casal manterá o relacionamento e também o emprego — diz. 

Segundo o vice-presidente de Relações Trabalhistas e Sindicais da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-Nacional), Carlos Pessoa, não há nada na legislação que justifique a proibição imposta pelas empresas ao namoro entre funcionários. 

— Não podem e nem devem. O que podem proibir é que os colegas namorem dentro da empresa, porque algumas condutas são inadequadas no ambiente profissional — explica. 

Ele afirma que a melhor atitude é ser transparente, ou seja, deixar claro que namora, mas que de maneira alguma isso vai atrapalhar o trabalho de ambos. As organizações, ressalta, estão preocupadas com a produtividade do funcionário. 

— Pode namorar. Mas aja como se não namorasse — afirma.

A favor do relacionamento responsável e discreto no trabalho, Pessoa não aconselha o envolvimento entre chefe e subordinado, pois estes casos já englobam outras questões éticas. 

Mas nem só cuidados e preocupações são citados quando o assunto é namoro na empresa. O vice-presidente da ABRH afirma que, quando o casal trabalha junto, os dois tendem a ser mais produtivos, para não dar o que falar aos colegas.

— E porque querem se mostrar competentes. Isso também é uma forma de sedução — diz Pessoa. 

FIQUE DE OLHO
 
- Observe a cultura da empresa e suas políticas antes de pensar em se envolver com alguém do trabalho.
- Tenha em mente que o ambiente profissional é para trabalhar. Evite qualquer interferência em seu desempenho.
- Não saia espalhando que você está tendo um caso ou está namorando alguém da empresa, mesmo porque, ainda que você tenha o máximo de discrição, relacionamentos são inevitavelmente percebidos. Mas se você for perguntado sobre o assunto, principalmente se a pergunta vier de superiores, não esconda.
- É sempre bom ter tudo muito bem justificado, para evitar fofocas e julgamentos injustos.
- Troque e-mails sempre usando as contas pessoais, e nunca o e-mail corporativo.
- Nas festas da empresa, o casal deve se integrar com os outros colegas.
- Beijos em público, nem pensar. Nem mesmo no horário de almoço, já que nos restaurantes internos ou fora da empresa estão todos se encontrando frequentemente.
- Quando o romance é com superior ou subordinado, cuidados extras na hora da bronca ou da promoção.
- Os apelidos carinhosos e beijinhos devem ser evitados dentro da empresa. 
- Jamais chegue ao trabalho com cara feia em função de uma discussão amorosa, ou faça cenas de ciúmes na frente dos colegas.